quarta-feira, 10 de junho de 2009

dom casmurro



Dom Casmurro - Machado de Assis

O enredo
Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida . A partir daí, inicia a contar sua história ( importante salientar esse detalhe !!!! É Bentinho que nos narra sua vida).
Morando em Matacavalos com sua mãe ( D. Glória, viúva ), José Dias (o agregado), Tio Cosme ( advogado e viúvo) e prima Justina ( viúva ), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele , Capitolina - a Capitu . Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornaria-se um padre . Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois tornando-se padre não poderia casar com Capitu. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior, José Dias era fascinado por direito e pelos estudos no exterior. Quando retorna dos estudos, Bentinho consegue casar com Capitu e desde os tempos de seminário havia fundamentado amizade com Escobar que agora estava casado e sempre foi o amigo íntimo do casal. Nasce o filho de Capitu, Ezequiel. Escobar, o amigo íntimo, falece e durante o seu velório Bentinho percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo. A partir desse momento começa o drama de Bentinho. Ele percebe que o seu filho ( ? ) era a cara de Escobar e ele já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. Vão para Europa e Bentinho depois de um tempo volta para o Brasil . Capitu escreve-lhe cartas, a essas altura, a mãe de Bentinho já havia morrido, assim como José Dias. Ezequiel um dia vem visitar o pai e conta da morte da mãe. Pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é BENTINHO E SUA DÚVIDA .

Comentário "Analisatório" :

OS OLHOS OBLÍQUOS E DISSIMULADOS de Capitu demonstram as duas pontas da história da vida de Bentinho: seu primeiro beijo na amada ocorre mediante a percepção daqueles belíssimos olhos de ressaca e seu drama é, justamente, a percepção no velório dos mesmos olhos de Capitu. A infância coligada com Capitu também contribui para a afirmação de Bentinho, pois ela sempre esteve com o espírito de dissimulação que deixava-o abismado nos momentos que ela conseguia enganar o próprio pai , o velho Pádua.
Dom Casmurro é um livro complexo e cada leitura origina uma nova interpretação. Segundo Fábio Lucas, prefacionista de uma das edições de Dom Casmurro: "É a triangulação ideal que traduz a certeza de uma consciência conturbada , a de Bentinho (cujo o nome - Bento Santiago - SANTO representa BEM e IAGO no drama OTHELLO é a consciência perversa, ou seja, a fusão entra o bem e o mal), e resulta, para o destinatário de seu discurso mesclado de objetividade e de ressentimento (subjetivismo), numa ambigüidade insolúvel".
Machado de Assis faz em Dom Casmurro um fato inacreditável em sua narrativa: Ele cria um narrador que afirma algo (ou seja, diz que foi traído) e o leitor não consegue decidir-se se ele está mentindo ou não. E aquela famosa pergunta que é a trilogia do romance, não só entre os brasileiros, mas também como os estudiosos do livro de outros países: TERIA SIDO CAPITU CULPADA DE ADULTÉRIO?
Talvez Machado de Assis não tenha revelado o problema porque não sabia respondê-lo!